O Lausperene – do latim laus perene, “louvor perene” – é uma das mais belas e antigas tradições da Comunidade de Jesus, Maria e José, remontando aos tempos da extinta Confraria do Santíssimo Sacramento da Várzea.
Até meados da década de sessenta do século XX, o Lausperene iniciava-se no sábado, véspera do quarto domingo da Quaresma, e encerrava no domingo.
Até finais da década de setenta, na semana que antecedia o quarto domingo da Quaresma, retiravam-se as imagens dos padroeiros - Jesus, Maria e José - e colocavam-se os restantes elementos do trono no altar-mor para que, no último, que era tipo um oratório, se colocasse a custódia - oferecida à Igreja de Jesus, Maria e José pela família dos Pereiras da Várzea - com o Santíssimo Sacramento.
Todo o altar e a capela mor eram cuidadosamente ornamentados com as muitas “canecas" -zantedeschia aethiopica - e verduras colhidas pelos campos desta terra.
Durante a exposição do Santíssimo
Sacramento, os homens, adultos e jovens, em grupos de dois ou quatro,
devidamente trajados com uma opa vermelha, iam-se rendendo uns aos outros,
mantendo uma guarda de honra a Jesus Sacramentado durante cerca de uma
hora.
Infelizmente, esta tradicional guarda de honra foi-se perdendo no tempo e, hoje em dia, este ato tão sublime já não se cumpre.
Ao longo dos tempos, apesar de algumas alterações a esta bonita tradição, o Lausperene na Comunidade da Várzea realizava-se tradicionalmente no quarto domingo da Quaresma. A partir do ano de 2015, por motivos alheios à Comunidade, o Lausperene passou a ser celebrado ora no segundo, ora no terceiro, ora no quarto domingo da Quaresma. Para a Comunidade da Várzea, o domingo em que se realiza é indiferente; o que verdadeiramente importa é manter viva a tradição de um dia tão sublime nesta Comunidade.
O Lausperene deste ano de 2025 ficará marcado por um golpe na nossa identidade e na nossa história coletiva, como nunca antes visto.
Nunca a Comunidade de Jesus, Maria e José compreenderá o motivo destas e de outras decisões a que tem vindo a assistir. Tudo isto terá um efeito contrário ao pretendido e, cada vez mais, cresce o sentimento de uma tentativa de aniquilação.
Não se pretende conflitos; quer-se
apenas e só respeito pela nossa identidade, pelas nossas tradições e pelos
nossos costumes.
Enquanto Comunidade Cristã, temos deveres, mas também temos direitos, pelos quais os nossos antepassados tanto trabalharam e dos quais nunca iremos prescindir.
"Info Várzea, março 2025"